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terça-feira, junho 06, 2006

Murmúrio das pedras




Imagino-te, antiquíssimo irmão, afagando meticulosamente as pedras. A geometria das estrelas nas noites em que o céu era um diamante multifacetado dizia-te onde as devias plantar. Desenhavas a luz e sombra labirintos de fantasia. Nos decibéis do vento aprendias a povoar o silêncio. Dedos graníticos apontavam o sol e o percurso da vida à morte. Deixaste um recado no coração das pedras, mas ninguém sabe ao certo que palavras querias que elas nos dissessem quando o passado e o presente se encontrassem.
Visitamos-te, antiquíssimo irmão, para ouvir no eco dos lugares a tua voz vinda do fundo do tempo. É que, embora ainda perscrutemos as mesmas estrelas, amemos ao mesmo luar, dancemos nos solstícios, desaprendemos de afagar as pedras para dialogar com a eternidade.