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domingo, dezembro 17, 2006

A estatística da vergonha!



Soube há poucos dias que pertenço ao restrito grupo dos 10% mais ricos do mundo e, curiosamente, ao invés de sentir orgulho, senti uma enorme vergonha. Senti vergonha por saber que 90% das pessoas têm pouco, demasiadamente pouco para viver condignamente. Embora não pertença ao excelso e exclusivo número dos 2% que detém mais de 50% da riqueza mundial, ainda assim considero que pouco mais fiz do que ter tido a “sorte” de nascer numa parte do mundo que habilidosamente tem espoliado as outras partes das suas riquezas e, deste modo, vive esbanjando o que melhor distribuído faria deste mundo um mundo mais justo. Quis o acaso que não nascesse no coração de África ou num qualquer subúrbio de Nova Deli e, em virtude desse privilégio, que nada fiz por merecer, não sei o que é a fome, o frio ou o sofrimento atroz de ver morrer os meus à míngua de tudo o que torna a vida possível.
Quando cada um dos mais de 5 biliões de seres humanos exigir a quota-parte de felicidade a que tem direito, quando resolverem pedir a parte da riqueza que lhes foi sonegada e que outros com usura acumularam e viciosamente ostentam, nesse dia não nos bastará o traçado fictício das fronteiras, nem exércitos e polícias nos valerão, a razão pode demorar mais tempo do que a força a vingar mas ela há-de sobrevir como aquelas sementes que por muito tempo que passe apenas aguardam um solo fértil que lhes permita abrir caminho até ao Sol.