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sábado, dezembro 15, 2007

Réptil lunar


na noite é mais nítida a voz da memória, não a perturba a cor das coisas, e assim pode falar sem o eco do azul ou reverberação do vermelho. na noite fazemos promessas tácteis e riscamos desse modo testemunhos indeléveis na pele. no negro infinito da noite ardem as estrelas e ignorando a matemática da distância viajamo-las para sossegar o olhar e é então que as formas perdem a sua angulosidade de fazer ferir e na quietude da sombra tudo se afeiçoa a tudo. na noite saboreamos avidamente tudo o que é excessivo e talvez por isso haja em nós algo de réptil lunar. na noite longa, que é metade da vida, fazemos a morada dos sonhos, abrimos vezes sem conta a porta do corpo e é por isso que é nocturna a delícia.

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