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segunda-feira, junho 25, 2007

Por detrás do silêncio


esta noite soa-me a violoncelo
e se houvesse nuvens seriam verdes
branco seria o hálito das avenidas
e vermelho o curso dos navios nas estrelas
e porque as aves migram de uma mão à outra
o olhar é uma cidade deserta
onde respiram pouco as mulheres que se dão
e as estátuas são gestos de silêncio
esperam um corpo os bancos nas praças
e adormecem os cheiros de haver primavera
só a brisa abraça a areia nas dunas
enquanto o mar arde de prata
esta noite as palavras são ditas pelo violoncelo
com uma absoluta precisão todos os nomes
com uma certeza dolorosa tudo o que há a dizer
e se um impreciso dedo perturba a melodia
o dia nasce insidiosamente mais cedo
esquecido das cores que iluminam o rosto
de quem não dorme para se alimentar de fantasia.

1 comentário:

ELA disse...

Que saudades de um texto teu, caro amigo!!!Beijos.