Número total de visualizações de páginas

quarta-feira, janeiro 16, 2013

anilhagem


Com mãos absolutamente gentis homenageiam a fragilidade. Encantado permanece suspenso nessa encruzilhada de olhares, quem sabe, arriscando hipóteses sobre o futuro. Pouco tempo antes, habitando na sua extrema leveza, o limite era a força do seu minúsculo coração-motor, agora um destino de gente estranha cruza-se com as suas rotas por entre nuvens e azul infinito. Olhos habilitados a ver de cima não estão treinados para evitar armadilhas suaves, embora, ainda assim, armadilhas. É possível que durantes os próximos voos a autoestima esteja baixa e as asas mais trémulas do que era hábito, talvez evite os insetos que antes suculentos o faziam voar mais perto do solo, mais perto desse lugar que a memória registou como um inesperado e súbito aperto de asas. Com medo que os esquecesse marcaram-lhe o corpo. Apesar de tudo as mãos que o aninharam eram suaves e o sopro que lhe abriu as penas na direção da quilha era muito semelhante a uma brisa de verão. No final, de novo mais leve que o ar, só pôde concluir que há alguns humanos menos vorazes que os gatos…

1 comentário:

Renato Monteiro disse...

Está bem! Aqui se fala como quem voa, de quando em quando, entre as aves!