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domingo, abril 27, 2008

carpe diem


enunciar a vida como um tempo verbal, ainda que saibamos que se trata de um verbo irregular, pode transmitir a sensação de que dominamos algo e que senhores de um destino irrisório estamos em vias de grandes feitos. Felizes dos que são parcos de pedidos, até os dias de chuva lhes bronzeiam os desejos e avermelham a alma. Porque para os outros, os ambiciosos que terão sempre um peito demasiado pequenos para que o coração possa respirar sem receio de se quebrar, para esses, não há destino, nem vida, nem morte, apenas um gosto a imediato e a instante na boca e nas palavras. Para estes, não há tempo, desse tempo que se faz a somas absurdamente simples e infantis de segundos, mas um horizonte com todos os caminhos possíveis e onde as ruas se cruzam para lado nenhum que tu saibas previamente.
Enunciar a vida é o presente, o único tempo em que a vida é possível, tudo o resto é a história do futuro.

quinta-feira, abril 24, 2008

Do imprevisto


Estar aqui não significa estar próximo. Dentro do silêncio há um baú e dentro do baú um caminho para onde se arremessa o que se quer esquecer. Alguém passou sorrateiramente e levou a chave velha e oxidada e deixou imóvel um monumento. Circulou a Lua noventa dias o teu rosto de açúcar em cana e nem uma cratera, nem um mar, quanto mais a tranquilidade... Assomo o futuro como aquelas árvores que nascem de lado em feição do vento e ainda assim dão casa aos pássaros até de madrugada. Indiferente ao somatório dos dias, porque um só dia pode ser maior que todos os dias, apaziguo o relógio e deixo que a corda repouse até amanhã. Talvez amanhã seja o dia em que as romãs abrem em dentes vermelhos...