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quarta-feira, agosto 22, 2012

a nossa sorte...


Podia escrever sobre o mundo nos seus mais ínfimos pormenores: a queda da folha no seu outono próprio na bilionésima segunda árvore a contar do lado esquerdo do continente africano ali no coração do zaire, ou será que já não existe o zaire e esse grande pormenor ocultou-se aos meus olhos?... Podia falar do bicho-da-seda que resolveu tecer-se a si mesmo numa caixa de sapatos ténis baratos numa favela do rio e tem sonhos de borboleta várias vezes ao dia; podia falar de uma imprecisão no osso externo de um gibão fémea que lhe dificulta as acrobacias matinais ao redor da fruta doce e suculenta; podia falar do oitavo planeta que gravita uma estrela no coração de andrómeda onde corre ácido sulfúrico numa cascata fumegante e não há ninguém para adormecer à janela; podia falar de tanta coisa sem mérito nem significado mas temo despertar-vos para lugares sem luz artificial nem sofrimento, por isso falo-vos apenas do tempo incerto para amanhã à porta do vosso desespero…