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quinta-feira, dezembro 01, 2011

Vivaldi


Vivaldi falou-me em cordas, e logo a mim que já não sei do pião… não chegámos a discutir porque nenhum som soou grave. Apenas um suavíssimo sussurro me trespassou a pele e esta tamborilou noite dentro entre um frio esquecimento e a memória de palcos de festa. Acordei entre acordes de arcos perfeitos e adormeci um dia inteiro na insaciável sombra da rotina. Saber que sem música a própria harmonia celeste desafinaria deixou-me confortado, um relojoeiro de sonhos em forma de roda dentada, um mágico de estrelas entre marés e um escorpião escarlate para me envenenar os pensamentos sombrios, povoaram o meu descanso e semearam tempo a meu lado. Vivaldi murmurou em dó sustenido uma história de dedos de alma irrequieta e eu sosseguei esperando pelo exato tempo da próxima estação.