Não olho os dias segundo o
calendário das cores
Perder-me-ia se fosse essa a bússola
dos caminhos
De manhã nada espero para que tudo
seja novidade
Assim tudo me surpreende se quiser fazer
grande o dia
Ou nada me perturba se não quiser somar
tempo ao tempo
Decido no momento a duração de vida
desse momento
Amar muito ou ficar-me pelo assim assim
Insossa figura
Dar tudo como se fosse maior a
vontade do que lugar onde caibo
E fazer artesanalmente a minha
história imprestável de tão única
Acordar é um privilégio dos que
ainda sonham e inspiram
Até que um dia voltemos ao
infindável ciclo do carbono
Que é única eternidade que nos há
de roubar ao tempo
Do que penso, do que sinto, nenhum
átomo sobreviverá
Mas destes ossos que seguram a
caneta brotarão ervas daninhas
E outros alimentos para paleontólogos
curiosos…
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