A vida vai tecendo uma extensa e emaranhada teia onde alguns ficam sem
esbracejar, onde outros, momentaneamente, habitam para logo partir e onde outros,
ainda, porque sabiamente nos alertam para o que há de frágil, mas também de
espantoso em toda a teia, são o lugar onde a ancoramos.
Sim, é certo, a memória
torna o inevitável, lento, prolongado, suportável. Mas não bebe connosco, não dá
abraços, não usa a vontade e o cuidado para se importar com o modo como nos
corre a vida, sendo já parte da nossa vida...
Os atores exigentes e inteligentes serão sempre os mais incómodos, porque não
se restringem ao papel que lhes destinam, desafiam, inventam, criam, emocionam e reescrevem
e comprimem o tempo à sua volta, e também por isso serão os mais lembrados, porque cala fundo a sua ausência.
Se
encontrares por aí o Schopenhauer, ou outro do teu seleto Olimpo, diz-lhe que
um dia destes beberemos qualquer coisa juntos e voltaremos a filosofar sobre o que ficou
em falta nas tardes que não se cumpriram.
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