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sexta-feira, novembro 16, 2007

Viver depressa e morrer novo...


Começo a achar estranho que tudo aquilo que dá prazer tenha um custo elevado e ainda por cima a cobrar na duração da própria vida. Se acaso me maravilha filtrar a luz das estrelas pelo fumo de um inocente cigarro logo um cometa assassino me ameaça com uma suspeita trajectória para os lados da constelação de câncer; se ouso ruborizar suavemente os lábios com um néctar de causar inveja a Baco logo a imagem aterradora da águia devorando o fígado de Prometeu me surge ganhando vida no mais cristalino copo; se me deixo adornar a muitos corpos como um barco a muitos portos logo por esse rio vermelho que tão bem me conhece por dentro se insinuam os cavalos de Tróia que hão-de abrir as portas à desgraça; se permito que o paladar me conduza por varandas de delícia e labirintos que só a boca decifra logo um coração agastado me lembra que há paixões únicas e irrepetíveis. Talvez haja aqui uma questão que só Einstein nos ajude a perceber: o tempo do prazer é intenso e concentrado. Um só segundo de prazer equivale certamente a muitos anos de uma vida chata e sensaborona, e por isso morrem jovens, nos calendários newtonianos, os que da vida fizeram um palco sempre em festa!

1 comentário:

Anónimo disse...

Um escriba a desdobrar-se num clicador de entardeceres azuis e rubros. Como primeiro passo, nada mau!