Com mãos absolutamente gentis
homenageiam a fragilidade. Encantado permanece suspenso nessa encruzilhada de olhares, quem sabe, arriscando
hipóteses sobre o futuro. Pouco tempo antes, habitando na sua extrema leveza, o
limite era a força do seu minúsculo coração-motor, agora um destino de gente
estranha cruza-se com as suas rotas por entre nuvens e azul infinito. Olhos habilitados
a ver de cima não estão treinados para evitar armadilhas suaves, embora, ainda
assim, armadilhas. É possível que durantes os próximos voos a autoestima esteja
baixa e as asas mais trémulas do que era hábito, talvez evite os insetos que
antes suculentos o faziam voar mais perto do solo, mais perto desse lugar que a
memória registou como um inesperado e súbito aperto de asas. Com medo que os
esquecesse marcaram-lhe o corpo. Apesar de tudo as mãos que o aninharam eram
suaves e o sopro que lhe abriu as penas na direção da quilha era muito semelhante
a uma brisa de verão. No final, de novo mais leve que o ar, só pôde concluir
que há alguns humanos menos vorazes que os gatos…
1 comentário:
Está bem! Aqui se fala como quem voa, de quando em quando, entre as aves!
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