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quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Lisboa em noite de luz...


A grande cidade adormece como uma serpente de luz. A chuva lava-lhe de mansinho o rosto. É Fevereiro ainda nos primeiros passos. O rio traz notícias líquidas e cheiros verdes da lezíria. Visito as estrelas que me riscam de prata os olhos e nada entendo dos colapsos das anãs brancas. Mas também nada percebo do ter que haver fome e homens que semeiam balas nos campos que foram de trigo. Às vezes apetecia-me morrer só por um bocadinho, como dizia o José Gomes Ferreira, para acordar depois e acreditar que nunca vivera em tempos de ódio. Tenho livros que me olham com lombadas de ingénua desconfiança e um relógio que derrama segundos que nunca foram primeiros. Gostar, gostava mesmo era de saber se os homens são aves cansadas ou cornucópias de uma só cor. Entretanto, a noite inscreve o sono no meu caminho e eu suspendo o pensar até que o Sol de novo me aqueça a alma. Talvez ainda venha a ser capaz de dizer porque arrasto um nome e amo os que amo.

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