Número total de visualizações de páginas

quinta-feira, outubro 18, 2007

Why?


Na minha adolescência, no tempo em que os dias eram maiores que 24 horas e em que eu sonhava a cores sem ter que adormecer, tinha um poster na parede do quarto com um soldado a ser abatido e um WHY? em letra inquietantemente grande que teimava em ser lido de onde quer que eu me encontrasse. Hoje já não tenho esse poster na parede, mas sou assaltado frequentemente por essa interrogação e continuo a não ter resposta. Agora que o bilhete de identidade teima em dizer que sou adulto era suposto ter encontrado ao longo da caminhada um conjunto de respostas que me apaziguassem os dias, mas não! Há no mais íntimo da alma humana um absurdo inextricável que, por mais que me esforce, não consigo entender. De onde vem esse ódio que guardamos uns em relação aos outros? O que é que rapidamente, demasiado rapidamente, nos transforma em implacáveis predadores, quando, segundos antes, éramos inofensivos seres prontos a ajudar os outros? Porque é tão frágil e evanescente essa fronteira entre o amor desmedido e o ódio cego? Pergunto-me como é que coabitamos com essas personagens tão opostas em cada um de nós? Não seremos todos nós de forma irrevogável doentes mentais sem cura possível? Temos um profundo horror ao ilógico, ao que é desregrado, ao que é imprevisível, mas se nos olharmos atentamente, o ilógico, o desregrado, o imprevisível são modos de ser caracteristicamente humanos, demasiadamente humanos...
O que me causa profundo espanto é essa flutuação entre os extremos não ocorrer em simultâneo em todos os homens e assim, enquanto uns ateiam as chamas incontroláveis do ódio, outros teimam abnegadamente em ajudar os que sofrem. Fazemos intervalos nas guerras, interrompemos a morte por instantes e logo depois voltamos a matar. Curamos as feridas dos que não conseguimos liquidar eficientemente; tratamos os prisioneiros, que momentos antes pretendíamos aniquilar, com regras e respeito. Que animal estranho é este? Onde reside o sentido disto tudo?

2 comentários:

Anónimo disse...

Bah!
O grilo faz cri-cri, não porque o deixam fazer cri-cri mas porque fazer cri-cri está na sua natureza formal e, a ele grilo, nunca lhe passou pela cabeça fazer outra coisa para além de cri-cri ...
... às vezes emudece, porque não pode estar sempre a fazer cri-cri, não passa de um bicho orgânico e necessita a intervalos de tempo, regulares ou não, retomar folego e energia para fazer cri-cri de novo.
O cri-cri não é bem a sua essência para o que vida natural, que possui, lhe reserva. Mas aproxima-se muito dessa totalidade indiscutível que amedronta outros seres - o cri-cri, visto desta forma, não passa de cativeiro biológico mas ele não se importa, (pelo menos que se saiba ou alguma vez tenha sido publicado tal desiderato) mais tarde ou mais cedo receberá a recompensa de estar quase sempre a fazer cri-cri, o seus genes serão guindados a terem futuro e outros cri-cris encherão o tempo e o espaço como forma de manutenção da espécie.
É comedido nas necesidades para fazer cri-cri ...
... eis o busílis da questão: "nessecidades". Existem outras espécies que atafulham necessidades, umas naturais, outras artificiais, e passam a maior parte do tempo, não a fazer o seu natural cri-cri, mas a tentar tirar o cri-cri aos outros e engendram formas, e engendram justificações a propósito.
Eles andam por aí!
Viegas

Anónimo disse...

Isto foi um desabafo ou uma mudança de estilo? Fiquei confusa.